O recente tweet de Pablo Iglesias, no qual compara a líder venezuelana María Corina Machado a Adolf Hitler, representa uma grave distorção histórica e um ato de desonestidade intelectual. Tal afirmação banaliza um dos períodos mais sombrios da humanidade, o nazismo, ao utilizá-lo como insulto político. Equiparar uma opositora democrática, por mais controversas que sejam as suas ideias, a um ditador responsável por genocídios e pela Segunda Guerra Mundial é uma forma de manipulação retórica que apenas serve para deslegitimar o debate político e desumanizar adversários. Essa linguagem é perigosa, pois transforma o espaço público num campo de insultos e não de argumentos.
A atitude de Iglesias revela um padrão recorrente em seu discurso: o uso sistemático de hipérboles e comparações extremas para dividir o espaço político entre “bons” e “maus”, “povo” e “inimigos”. Essa lógica maniqueísta é típica do extremismo, seja ele de esquerda ou de direita e mina as bases do pluralismo democrático. Iglesias, que já ocupou cargos de responsabilidade pública, conhece bem o peso de suas palavras; mesmo assim, opta por fomentar a polarização, atacando quem pensa diferente em vez de promover o diálogo. Ao rotular adversários com termos que evocam o mal absoluto, ele reduz a política a um jogo de moralidade simplista e sectária.
Mais do que um deslize retórico, o comentário de Iglesias reflete uma visão autoritária da política: quem discorda é tratado como inimigo a ser eliminado, e não como interlocutor. Essa postura é típica de líderes que se alimentam da polarização para manter relevância e influência. Em vez de contribuir para uma reflexão séria sobre a crise venezuelana, Iglesias reforça o clima de intolerância que domina o debate público. Ao chamar María Corina Machado de “Hitler”, ele não apenas erra no conteúdo histórico, mas também revela o quanto sua visão política se afastou dos valores democráticos que afirma defender.


